Tendências em marketing digital 2026
O cenário do marketing digital está prestes a passar por mudanças significativas em 2026, impulsionado por avanços em inteligência artificial, transformações nos hábitos de consumo e uma nova geração de plataformas e influenciadores. Neste artigo dividido em três partes, vamos explorar as tendências mais relevantes, com base em dados recentes, relatórios e comportamentos verificados no Brasil e no mundo.
O ano de 2025 já sinalizou essa mudança: marcas mais relevantes foram aquelas que conseguiram combinar tecnologia, empatia, conteúdo de valor e presença nas plataformas preferidas da Geração Z. E em 2026, essa combinação será essencial para qualquer estratégia sólida de marketing digital.
Geração Z como força dominante no marketing digital

De acordo com a pesquisa da VML Brasil, os jovens da Geração Z têm moldado as escolhas de consumo com base em marcas que se conectam com seus valores e estilo de vida. O estudo revelou as 15 marcas preferidas desse público em 2025, com destaque para:
- Google, YouTube e WhatsApp no topo, evidenciando a preferência por ferramentas de busca, vídeo e mensagens instantâneas
- Netflix, Pix e Windows, que mostram a valorização da praticidade e do entretenimento
- Shopee, Duolingo, Apple e Marvel, marcas que combinam personalização, tecnologia e storytelling
Essas preferências impactam diretamente as estratégias de marketing digital, pois revelam os canais onde a atenção está concentrada e o tipo de conteúdo que gera engajamento.
Redes sociais segmentadas e autenticidade
Segundo o relatório 2026 Social Media Trends, elaborado pela ICUC, uma das principais mudanças será a fragmentação do público entre nichos cada vez mais específicos. Plataformas como BlueSky cresceram de 10 para 40 milhões de usuários em menos de um ano. Essa tendência mostra que, ao invés de alcançar massas, marcas precisarão construir comunidades segmentadas, oferecendo conteúdo relevante, autêntico e direcionado.
No marketing digital, isso significa priorizar autenticidade acima da estética. Conteúdos “lo-fi”, como vídeos caseiros, bastidores, tutoriais espontâneos e depoimentos reais, geram até 2x mais comentários que campanhas tradicionais, de acordo com os dados da ICUC.
Declínio dos seguidores como métrica

Com a personalização em alta, o número de seguidores deixou de ser o principal indicador de influência. A audiência busca criadores que representem seus valores e estilo de vida. Isso ficou evidente ao analisarmos o ranking de brasileiros mais seguidos no Instagram em 2025:
- Neymar Jr. lidera com impressionantes 231,4 milhões de seguidores
- Ronaldinho, Marcelo Twelve, Anitta e Whindersson Nunes seguem como potências de alcance
- Já influenciadores como Virginia Fonseca, Maisa Silva, Bruna Marquezine e Larissa Manoela mantêm enorme relevância por sua conexão real com o público
Embora o alcance dessas personalidades seja massivo, o verdadeiro impacto do marketing digital está no engajamento. Criadores com perfis médios, mas com alto envolvimento, tendem a converter melhor — especialmente em campanhas no Instagram, TikTok e WhatsApp.
TikTok Shop e social commerce: o futuro das vendas

O TikTok Shop se consolidou como um dos canais mais eficazes de vendas diretas. A união entre conteúdo e e-commerce cria uma jornada de compra fluida: o consumidor descobre um produto em um vídeo ou live e pode comprar em poucos cliques, sem sair da plataforma.
Empresas como Magazine Luiza e Casas Bahia já estão colhendo resultados expressivos ao investir em campanhas dentro do TikTok. Com estratégias como VBO (Value-Based Optimization), essas marcas conseguiram aumentar sua taxa de conversão em 44% e superar suas metas de ROI em 55%.
Essa integração entre entretenimento e compra redefine o marketing digital: não basta mostrar o produto, é preciso encantar, engajar e entregar valor em forma de conteúdo.
WhatsApp Business e o marketing conversacional

O WhatsApp continua como o aplicativo mais presente no dia a dia dos brasileiros: 97% dos usuários acessam o app todos os dias e 54% já realizaram compras diretamente pela plataforma.
Com o lançamento dos anúncios Click-to-WhatsApp, empresas conseguem levar o cliente de um anúncio direto para uma conversa com agentes de IA integrados, que mostram o catálogo de produtos, tiram dúvidas e finalizam a venda em poucos cliques. Essa tendência representa um salto no marketing digital conversacional, unindo automação e personalização em tempo real.
Além disso, o uso de catálogos no WhatsApp, integração com Shopify e automações de pagamento por Pix fazem do app um canal completo para quem vende online — especialmente para negócios locais e lojas em crescimento.
Sustentabilidade e responsabilidade social

Outro dado importante apontado pelo relatório da ICUC é que a sustentabilidade deixou de ser uma tendência para se tornar uma exigência. Marcas que não comprovam suas ações ambientais ou sociais perdem credibilidade. Um exemplo negativo foi o caso da SHEIN, que enfrentou boicotes por informações confusas sobre suas práticas ecológicas.
Já marcas como Patagonia ganharam espaço justamente por adotarem transparência, reaproveitamento de produtos e campanhas conscientes. No contexto do marketing digital, isso se traduz em storytelling com propósito e impacto mensurável, com dados públicos e ações concretas.
Plataformas, inteligência artificial e novas estratégias de marketing digital
O marketing digital em 2026 será moldado por uma convergência de forças: comportamento do consumidor, tecnologia de ponta, inteligência artificial e um novo ecossistema de plataformas. Se na primeira parte deste artigo abordamos a influência da Geração Z, a autenticidade nas redes sociais, o impacto do TikTok Shop e o avanço do WhatsApp, agora vamos explorar como essas ferramentas se integram com tendências mais amplas.
Inteligência artificial no centro das estratégias de marketing digital
O uso de inteligência artificial no marketing digital não é mais apenas uma vantagem competitiva — é uma exigência. De acordo com o relatório da ICUC, 69% dos usuários de ferramentas baseadas em GenAI (como ChatGPT, Claude e Perplexity) nos EUA interagem com IA diariamente por meio de plataformas comuns.
Esse comportamento está mudando a forma como consumidores descobrem produtos, buscam recomendações e tomam decisões de compra. As pessoas já estão confiando em assistentes de IA para obter informações jurídicas, acadêmicas e até médicas, e isso influencia diretamente o funil de vendas no marketing digital.
Plataformas de social commerce, como TikTok Shop e Amazon, também estão adotando IA para personalizar vitrines e impulsionar recomendações baseadas em comportamento. A inteligência artificial também já está sendo usada para:
- Analisar microtendências em tempo real
- Detectar padrões de comportamento de consumo
- Criar textos, anúncios e até vídeos promocionais automaticamente
- Personalizar jornadas de compra com base no histórico do usuário
Essa integração torna o marketing digital mais responsivo, ágil e eficiente — desde que seja feito com transparência, ética e supervisão humana.
Microtendências e algoritmos mais refinados
Uma das maiores oportunidades no marketing digital em 2026 será a detecção precoce de microtendências. Graças ao uso de IA e ferramentas de escuta social, as marcas conseguem antecipar movimentos culturais, hábitos emergentes ou novas preferências do público.
O relatório da ICUC destacou um exemplo: a cidade de Carmel-by-the-Sea, na Califórnia, virou tendência de viagem graças à leitura de dados de busca e vídeos no TikTok. Marcas que se movimentaram rapidamente conseguiram capitalizar esse movimento e gerar campanhas de alto desempenho.
Esse tipo de antecipação é vital no marketing digital. Em vez de reagir, as empresas precisam agir primeiro — com dados em mãos, criatividade e agilidade na execução.
YouTube e o controle sobre os algoritmos

O YouTube começou a testar, em 2025, um recurso que pode impactar profundamente o marketing digital: a possibilidade de os usuários personalizarem seu feed de vídeos com comandos conversacionais.
Chamado de “Seu feed personalizado”, o recurso permite que as pessoas usem prompts para treinar o algoritmo a entregar apenas conteúdos que desejam consumir. Essa ideia é semelhante ao que já vem sendo explorado por plataformas como Instagram e Threads, com foco na transparência e no controle do usuário sobre a experiência.
Se a funcionalidade se expandir em 2026, isso significa que estratégias de marketing digital no YouTube precisarão ser ainda mais assertivas e menos invasivas, priorizando relevância e intenção de busca. A entrega orgânica de conteúdo será ainda mais influenciada pelo comportamento ativo do público e não apenas por recomendações automáticas.
Conversas personalizadas: marketing digital centrado no usuário
A personalização será a espinha dorsal do marketing digital em 2026. Com tantas plataformas competindo pela atenção do consumidor, só sobrevive quem for capaz de oferecer experiências personalizadas em tempo real.
O WhatsApp Business é um exemplo claro dessa tendência. Por meio de agentes de inteligência artificial, uma empresa pode atender 24 horas por dia, enviar catálogos com base nas preferências do usuário e até concluir vendas com links de pagamento direto no chat.
Essa jornada de compra baseada em conversa elimina fricções, reduz carrinhos abandonados e aumenta a fidelização. No contexto do marketing digital, essa mudança representa um avanço na direção de relacionamentos automatizados, mas ainda humanos, com linguagem natural, segmentação precisa e resposta imediata.
Plataformas preferidas pela audiência brasileira

O Brasil continua sendo um dos países com maior engajamento digital do mundo, e isso se reflete tanto nas plataformas mais usadas quanto nas personalidades mais seguidas.
De acordo com o ranking de 2025 dos brasileiros com mais seguidores no Instagram, os cinco primeiros colocados são:
- Neymar Jr. – 231,4 milhões
- Ronaldinho – 77,8 milhões
- Marcelo Twelve – 68,6 milhões
- Anitta – 63,3 milhões
- Whindersson Nunes – 57,2 milhões
Com base nesses dados, é possível identificar os perfis que podem ser estratégicos para parcerias de marketing digital em 2026. Além disso, nomes como Tatá Werneck, Virginia Fonseca, Larissa Manoela, Bruna Marquezine e Maisa Silva reforçam o valor dos influenciadores com forte conexão emocional com o público.
As marcas que desejam atuar com influenciadores devem considerar mais do que o alcance. A escolha deve ser baseada na afinidade do criador com o nicho do produto, na taxa de engajamento e na capacidade de gerar conversas e conversões reais.
O poder do conteúdo gerado pelo usuário
O conteúdo gerado por usuários (UGC – User Generated Content) continuará sendo uma das estratégias mais poderosas no marketing digital. Ele é autêntico, espontâneo e gera confiança.
Vídeos de consumidores usando o produto, depoimentos reais, resenhas não patrocinadas e interações nas redes sociais têm impacto direto na decisão de compra. Plataformas como TikTok, Instagram e até WhatsApp vêm integrando recursos para amplificar esse tipo de conteúdo.
No TikTok Shop, por exemplo, influenciadores e consumidores comuns podem adicionar links de produto em seus vídeos. Isso estimula vendas de forma natural, sem a aparência de publicidade invasiva, o que é altamente valorizado pela Geração Z e pelos millennials.
No Instagram, recursos como “reels colaborativos” e selos de parcerias comerciais reforçam a transparência nas colaborações e ajudam o público a entender quando estão vendo publicidade — algo essencial para a ética no marketing digital atual.
Performance não é tudo: reputação também importa
As métricas de vaidade, como curtidas e seguidores, continuam perdendo importância. O marketing digital de 2026 será orientado por KPIs mais profundos, como:
- Taxa de resposta e resolução no atendimento
- Retenção de clientes e recompra
- Índices de reputação da marca
- Comentários com feedbacks construtivos
- Engajamento orgânico e espontâneo
Isso exige que as marcas invistam em monitoramento constante, escuta ativa e gestão de comunidade. Cada comentário respondido com empatia e rapidez gera valor para a marca e fortalece sua presença digital.
Esse é o momento em que moderação e atendimento se tornam ferramentas estratégicas no marketing digital — não apenas operacionais, mas parte do posicionamento de marca.
Marketing de comunidade
Em 2026, marcas que não estiverem preparadas para atuar como verdadeiras comunidades vivas, com escuta ativa e propósito claro, perderão relevância.
O marketing digital está evoluindo de campanhas isoladas para ecossistemas de interação contínua. O público quer mais do que promoções. Ele busca posicionamento, responsabilidade social, conexões reais e atendimento imediato. E nesse cenário, as redes sociais se tornam centrais não apenas para venda, mas para construção de reputação.
A seguir, exploramos como o marketing digital precisa se posicionar estrategicamente em temas como propósito, sustentabilidade, empatia e confiança.
O propósito como diferencial competitivo no marketing digital
Em um cenário onde produtos e serviços se tornam cada vez mais parecidos, o que realmente diferencia uma marca é seu propósito. Isso é ainda mais evidente no comportamento da Geração Z, que prioriza empresas com valores alinhados aos seus.
Para o marketing digital em 2026, isso significa que campanhas precisam ir além da estética. É preciso comunicar causas, valores e impactos reais. Marcas que se posicionam de forma clara sobre temas sociais e ambientais criam vínculos duradouros.
Um exemplo é o case da Patagonia, citado no relatório da ICUC. A campanha “Don’t Buy This Jacket” não apenas promoveu a reutilização como incentivou uma mudança de comportamento, gerando comunidades espontâneas em plataformas como Reddit e YouTube focadas em consumo consciente.
Isso mostra que o marketing digital pode ser uma força para transformação e não apenas para conversão.
Sustentabilidade com dados: da promessa à prática
Em 2026, os consumidores não aceitarão mais promessas vazias. A exigência será por provas. Ações sustentáveis devem ser mensuráveis, publicadas e auditáveis. O público quer saber onde a marca investe, como lida com resíduos, qual sua política de diversidade e como apoia sua cadeia de valor.
No marketing digital, isso se traduz em transparência. As marcas precisarão mostrar relatórios, metas ESG e resultados reais. Publicações genéricas sobre meio ambiente, por exemplo, não terão impacto se não forem acompanhadas de ações verificáveis.
O caso da SHEIN, que sofreu um boicote por alegações ambientais mal explicadas, reforça esse ponto. Ao mesmo tempo, empresas menores com posicionamento consistente ganham espaço e confiança apenas por serem coerentes e transparentes.
A importância da moderação e do atendimento em tempo real
O marketing digital não termina na publicação de um post ou na veiculação de um anúncio. Ele acontece, cada vez mais, nas conversas e interações do dia a dia.
A moderação de comentários, o atendimento em tempo real, a resposta a críticas e dúvidas públicas fazem parte da percepção que o consumidor constrói sobre a marca.
A ICUC destaca isso como um diferencial estratégico. Marcas que tratam moderação como parte da estratégia de reputação conseguem converter crises em momentos de fidelização. Cada resposta rápida, empática e útil fortalece o relacionamento com o público.
Empresas que terceirizam esse cuidado ou que tratam o atendimento como um custo operacional perdem a chance de gerar valor de marca.
Marcas como plataformas de comunidade
A era do marketing digital centrado apenas no produto está acabando. Em 2026, as marcas se comportarão como plataformas de comunidade. Isso significa que elas terão papel ativo na geração de conversas, apoio mútuo entre clientes e compartilhamento de conteúdo espontâneo.
Marcas como Duolingo, por exemplo, transformaram críticas em viralização. O personagem Duo, inicialmente criticado por ser insistente, virou um ícone cultural quando a empresa assumiu o humor e usou isso a seu favor nas redes.
No marketing digital, isso é a prova de que escutar o público, reconhecer falhas e participar das conversas com autenticidade gera mais resultado do que tentar controlar tudo. Marcas que criam espaços para que o público participe, colabore e seja ouvido estarão mais bem posicionadas.
A integração do marketing digital com todos os setores da empresa
Uma tendência que se consolida em 2026 é a integração do marketing digital com áreas como produto, atendimento, operações e logística.
O marketing digital não pode ser isolado. Ele precisa fazer parte do fluxo de dados da empresa, alimentando decisões e recebendo feedbacks em tempo real. Por isso, ferramentas de escuta ativa e automação devem estar conectadas ao CRM, ao sistema de e-commerce, aos canais de pagamento e até ao estoque.
Com essa integração, é possível:
- Detectar rapidamente reclamações sobre um produto e acionar a área de qualidade
- Identificar dúvidas frequentes e criar conteúdos específicos para resolvê-las
- Medir o tempo de resposta e ajustar equipes
- Otimizar processos logísticos com base em feedbacks de entrega
Esse alinhamento transforma o marketing digital em um verdadeiro radar da empresa. Cada comentário, menção ou mensagem vira dado estratégico.
Plataformas que estarão no centro das ações em 2026
Com base nos dados analisados nos últimos meses, algumas plataformas devem se consolidar como essenciais no marketing digital brasileiro:
TikTok – continua crescendo como canal de descoberta de produtos, entretenimento e vendas. O TikTok Shop transforma vídeos em vitrines de conversão imediata.
WhatsApp – consolida-se como o canal de atendimento e vendas mais direto do Brasil, com anúncios que levam o cliente do Instagram ou Facebook direto para o atendimento via IA no WhatsApp.
Instagram – mantém sua relevância entre influenciadores e marcas. Reels e colaborações continuam a gerar visibilidade e engajamento.
YouTube – com os testes de personalização do feed, deve se tornar uma plataforma ainda mais focada em conteúdos sob demanda, exigindo ajustes na produção de vídeo para quem faz marketing digital.
Plataformas de nicho – como LinkedIn (para B2B), Twitch (para games), Pinterest (para decoração, moda e DIY) e plataformas descentralizadas como BlueSky tendem a crescer em comunidades específicas.
O futuro do marketing digital exige uma visão holística
Para encerrar este artigo, é importante reforçar que o marketing digital em 2026 não se resume a ações pontuais ou virais. Ele será o reflexo da maturidade digital de cada empresa.
Marcas que souberem integrar dados, pessoas, propósito e tecnologia estarão mais preparadas para se adaptar. Afinal, a velocidade das mudanças exige agilidade, mas também coerência.
O marketing digital continuará sendo um dos pilares centrais do crescimento de marcas no Brasil e no mundo. Mas, mais do que nunca, ele exigirá atenção plena ao que realmente importa: o consumidor, sua experiência e sua confiança.