Nos últimos anos, o universo da beleza no Brasil passou por transformações significativas. Cada vez mais, consumidores exigem representatividade, diversidade e autenticidade nas marcas que consomem. A Salon Line é um exemplo notável de como ouvir o público, adaptar-se às mudanças sociais e investir em estratégias humanas pode transformar completamente a percepção e o posicionamento de uma marca. Mais do que vender cosméticos, a empresa construiu uma comunidade forte, afetiva e engajada — especialmente por meio do movimento #TôDeCacho. Esta iniciativa tornou-se um case emblemático de marketing com influenciadores digitais no Brasil, elevando influenciadores como agentes reais de transformação.


A história da Salon Line começa muito antes das redes sociais. Fundada em 1995, a empresa era mais uma entre muitas no setor de cosméticos. No entanto, seu crescimento começou a acelerar de forma expressiva após identificar um enorme vazio no mercado: a ausência de produtos específicos para cabelos crespos, cacheados e ondulados. Essa lacuna não era apenas comercial, mas também simbólica — refletia anos de exclusão estética, racismo estrutural e padrões de beleza eurocentrados que marginalizavam a identidade de milhões de brasileiras.
A resposta da Salon Line não foi apenas criar produtos. Foi construir um espaço de escuta e acolhimento.

O movimento #TôDeCacho, lançado em 2015, surgiu como uma plataforma de empoderamento e troca. Inicialmente como uma simples hashtag, a ação cresceu organicamente nas redes sociais, pois dialogava diretamente com dores, alegrias e experiências de mulheres que há muito tempo não se viam nas propagandas ou nas gôndolas das farmácias. Ali nascia um exemplo potente de como o marketing de influência pode ser estratégico e sensível ao mesmo tempo.
Uma das maiores inovações da Salon Line foi a forma como se relacionou com os influenciadores. Em vez de adotar um modelo tradicional, baseado em campanhas pontuais e contratos com celebridades distantes do público, a marca escolheu construir uma rede diversa e horizontal. Ela apostou em microinfluenciadores, criadoras negras, trans, periféricas e regionais — pessoas que falam com suas comunidades com verdade, proximidade e coerência. Essa decisão aproximou ainda mais a marca de sua audiência e criou uma sensação genuína de pertencimento.

A influenciadora Rayza Nicácio, por exemplo, foi uma das primeiras vozes que impulsionaram o movimento #TôDeCacho. Seus vídeos no YouTube, que falam sobre transição capilar, autoestima e cuidados com o cabelo natural, ajudaram milhares de mulheres a se reconectarem com suas raízes. A marca não apenas patrocinou conteúdos, mas abriu espaço para que criadoras como Rayza tivessem voz ativa nas decisões, nos lançamentos e até no desenvolvimento de produtos. Isso representou uma ruptura importante com a lógica de influência comercial, ao transformar os influenciadores em cocriadores.

Resultados expressivos: influenciadores digitais aumentam o reconhecimento da marca

Esse modelo gerou resultados expressivos. Hoje, o canal do YouTube da Salon Line conta com mais de 1 milhão de inscritos. A conta @todecacho no Instagram possui mais de 2 milhões de seguidores altamente engajados. A presença da marca no TikTok é consistente e adaptada à linguagem jovem e criativa da plataforma. E o portal Migs, uma iniciativa que conecta influenciadores e profissionais da beleza à marca, já mobilizou mais de 1.500 criadores em ações locais, eventos, campanhas e lançamentos.


Mas o sucesso da marca vai além dos números. A Salon Line foi pioneira em traduzir as discussões sobre estética, raça, feminismo e identidade em campanhas com forte apelo emocional e social. Seus comerciais, posts e colabs abordam temas como aceitação, infância, maternidade negra, transição capilar e violência estética. Essas narrativas conectam, emocionam e fidelizam o público — muito além do consumo.


Esse tipo de posicionamento exigiu coragem. Ao se posicionar politicamente em temas sensíveis, a marca inevitavelmente desagrada setores mais conservadores. No entanto, esse risco foi calculado. Ao escolher um lado, a Salon Line se tornou símbolo de uma nova geração de empresas que compreendem que não existe mais espaço para neutralidade quando o assunto é equidade racial, de gênero e de classe.


Outro ponto importante foi a atuação estratégica da marca nos bastidores. A Salon Line investe constantemente na formação de seu time de marketing, comunicação e branding. Profissionais negros ocupam cargos de liderança, o que contribui para decisões mais coerentes e sensíveis à realidade que a marca representa. Isso garante que a comunicação externa esteja alinhada com as práticas internas, fortalecendo a reputação e evitando acusações de oportunismo ou marketing vazio.


O sucesso da #TôDeCacho também impulsionou o setor como um todo. Hoje, muitas marcas lançam linhas voltadas para cabelos naturais e criam campanhas com diversidade racial. Contudo, poucas conseguem fazer isso com a mesma autenticidade e consistência da Salon Line. Isso porque o diferencial está na construção de comunidade — e não apenas na estética visual das peças de campanha.
Além disso, a Salon Line compreendeu que o marketing de influência não se resume a contratar nomes famosos. Trata-se de reconhecer o poder de mobilização das pessoas comuns, das influenciadoras locais, das cabeleireiras de bairro, das mães que ensinam suas filhas a cuidar dos cachos. Ao integrar essas vozes ao seu ecossistema, a marca não apenas ampliou seu alcance, mas também sua legitimidade.


Os dados também mostram que esse caminho é rentável. Desde a adoção dessa estratégia, a Salon Line saiu de uma empresa média para uma das líderes do setor capilar no Brasil. O faturamento cresceu exponencialmente, a empresa expandiu seu portfólio para diferentes públicos e foi reconhecida por diversos prêmios, incluindo o selo Great Place to Work, que destaca as melhores empresas para se trabalhar.


Outro aspecto relevante é o impacto educacional da marca. O conteúdo gerado nas redes sociais da Salon Line é informativo e formativo. Ensina técnicas, oferece tutoriais, compartilha histórias de superação e abre espaço para debates sobre padrões de beleza, autoestima e negritude. Isso transforma os canais da marca em verdadeiros polos de educação estética e social.
No cenário atual, em que consumidores exigem mais responsabilidade das empresas, a estratégia da Salon Line oferece aprendizados valiosos. Marcas que desejam criar conexões duradouras devem ir além da performance e apostar em relações genuínas. Devem entender que o marketing de influência é uma via de mão dupla: mais do que vender, trata-se de escutar, compartilhar e cocriar.


Também é importante destacar o papel do digital nesse processo. As redes sociais foram fundamentais para que a voz da comunidade chegasse até a marca — e vice-versa. O engajamento em tempo real, os feedbacks recebidos nos comentários, as trends adaptadas e a linguagem acessível tornaram a comunicação fluida, dinâmica e colaborativa. A Salon Line soube aproveitar as ferramentas disponíveis e, mais do que isso, moldou-as para atender seu propósito.

Branding – como os influenciadores digitais ajudam na sua construção de marca

Para outras marcas que desejam seguir esse caminho, algumas recomendações se destacam: primeiro, é preciso fazer um mapeamento real da audiência. Ouvir com atenção, sem filtros. Segundo, é necessário diversificar os perfis com os quais se trabalha — saindo da bolha dos influenciadores mais famosos e incluindo vozes periféricas e sub-representadas. Terceiro, é essencial sustentar o discurso com práticas internas coerentes, dando espaço para que profissionais diversos ocupem também os bastidores.
Por fim, o maior ensinamento da Salon Line talvez seja este: afeto é estratégia. Em tempos de superficialidade, marcas que conseguem gerar conexão emocional, pertencimento e representatividade saem na frente. Não se trata apenas de estética, mas de ética, cultura e transformação social.
A trajetória da Salon Line com a #TôDeCacho é um marco no marketing de influência brasileiro. Mostra que é possível aliar propósito e resultado, representatividade e performance, coração e números. Em um mercado que ainda engatinha quando se fala em diversidade verdadeira, a marca se destaca como referência, inspiração e, acima de tudo, como agente de mudança.
Se você trabalha com branding, comunicação ou deseja posicionar sua marca de forma mais humana, esse case é um excelente ponto de partida. Inspire-se, questione, pesquise, ouça seu público. E lembre-se: influência real se constrói com escuta, cuidado e consistência.

Seda Boom e o marketing com influenciadores digitais: A resposta estratégica à revolução da Salon Line

Nos últimos anos, o mercado de cosméticos brasileiro tem vivido uma transformação intensa. Marcas antes consolidadas passaram a ser desafiadas por novas empresas que não apenas vendem produtos, mas constroem comunidades, dialogam com causas sociais e valorizam a diversidade. Um dos casos mais emblemáticos foi o crescimento da Salon Line com sua linha #TôDeCacho, que virou referência em marketing de influência e posicionamento centrado no consumidor. Diante disso, a resposta de grandes players do mercado não demorou a chegar — e a linha Seda Boom representa uma dessas movimentações mais estratégicas e simbólicas.

influenciadores digitais seda boom

A linha Seda Boom nasceu como um desdobramento dentro da marca Seda, pertencente à Unilever, com foco em cabelos crespos, cacheados e ondulados. Lançada para atender a um público historicamente negligenciado pela indústria da beleza, a linha é fruto de uma guinada da empresa em direção a um marketing mais inclusivo, digital e colaborativo. A proposta não era apenas lançar novos produtos, mas criar uma plataforma de conversa com consumidoras reais — e foi aí que os influenciadores digitais entraram como peça central da estratégia.

Desde o início, a linha Seda Boom foi construída com forte apoio de criadoras de conteúdo negras, cacheadas, periféricas e engajadas com questões de autoestima, identidade e pertencimento. Em vez de investir apenas em celebridades da televisão ou em campanhas genéricas, a marca mergulhou no ecossistema digital e convidou vozes autênticas para serem cocriadoras de produtos, campanhas e ações sociais. Nomes como Gabi Oliveira, Rayza Nicácio (que também já colaborou com Salon Line) e Ana Lídia Lopes estiveram entre as parceiras que ajudaram a impulsionar o alcance e a legitimidade da marca entre o público jovem e conectado.

Esse movimento representa um claro entendimento por parte da Unilever de que o marketing de influência já não é mais uma tendência, mas uma necessidade estratégica. O comportamento do consumidor mudou. As decisões de compra hoje são fortemente influenciadas por pessoas com quem o público se identifica, e não mais por grandes nomes distantes da realidade cotidiana. Ao se aproximar desses criadores, Seda Boom conseguiu comunicar atributos do produto, valores da marca e narrativas culturais de forma muito mais eficaz do que em campanhas tradicionais.

Mais do que apenas divulgar produtos, a Seda Boom passou a contar com influenciadoras como cocriadoras de linhas inteiras. Um exemplo emblemático foi a linha assinada por blogueiras como Mari Morena, que além de dar nome aos produtos, participou de sua formulação e divulgação. Essa lógica de cocriação aumenta a sensação de pertencimento do público com a marca e coloca os influenciadores em um papel de protagonismo que vai além do post patrocinado — eles se tornam parte real do desenvolvimento e do sucesso do produto.
Essa estratégia reflete uma certa resposta à força da comunidade #TôDeCacho, construída pela Salon Line desde 2015.

Enquanto a Salon Line ganhou espaço sendo pioneira no afeto e na escuta digital, a Seda percebeu que não podia continuar comunicando-se com os novos consumidores do mesmo jeito que nos anos 2000. Era preciso se adaptar à nova era do marketing, mais colaborativa, descentralizada e emocionalmente inteligente.

O diferencial da Seda Boom, entretanto, está em sua capacidade de integrar o discurso de empoderamento com a força de uma marca global. Por estar sob o guarda-chuva da Unilever, Seda tem estrutura, distribuição e investimento robustos. Essa infraestrutura permitiu que as ações de influência tivessem alcance nacional, com visibilidade em canais tradicionais, ao mesmo tempo em que mantinham a linguagem leve e próxima das redes sociais.


Além disso, a marca apostou em campanhas que conectam beleza com representatividade, como a websérie “Boom das Pretas”, criada em parceria com influenciadoras para discutir temas como transição capilar, racismo estético e autoestima negra. Esse tipo de conteúdo vai muito além da propaganda: é uma forma de educação e afirmação cultural, fundamental para conectar a marca aos valores do público jovem, negro e feminino — um dos mais ativos nas redes sociais.

A aposta da Seda Boom no marketing de influência também foi um movimento de defesa de mercado. A Salon Line havia ganhado espaço nos pontos de venda e na conversa social com produtos inovadores e narrativas coerentes com o público. A Unilever precisou mostrar que também sabia falar com autenticidade e oferecer soluções reais para um público cada vez mais exigente, engajado e consciente.

O que diferencia a atuação da Seda Boom, nesse sentido, é a tentativa de equilibrar tradição e inovação. Ao mesmo tempo em que preserva a identidade de uma marca popular, com forte presença nas prateleiras há décadas, a linha Boom representa uma renovação do olhar da Seda sobre o consumidor. Isso envolve desde as embalagens mais modernas até a linguagem das campanhas, que aposta em memes, desafios, trends e formatos como Reels e TikToks.

Outro ponto forte da estratégia da marca está na diversificação dos canais e das vozes. A Seda Boom não depende exclusivamente de grandes nomes. Ela aposta em uma rede ampla de influenciadores de médio e pequeno porte, especialmente regionais. Essa pulverização de parcerias permite que a mensagem chegue de forma mais autêntica e adaptada aos sotaques, costumes e referências culturais de diferentes regiões do Brasil.

A lição que fica com o case da Seda Boom é que o marketing de influência não é mais apenas uma escolha criativa, mas um posicionamento estratégico essencial para marcas que desejam sobreviver no mercado da beleza, onde o consumidor exige muito mais do que um bom produto. Ele quer representatividade, diálogo, acessibilidade e, sobretudo, identificação.

Em resumo, a Seda Boom se apresenta como um exemplo de como grandes corporações podem — e devem — aprender com marcas mais jovens e ousadas. Ao adotar influenciadores como parceiros, reconhecer sua potência cultural e colocá-los no centro das decisões, a marca se reposiciona de forma relevante para uma nova geração de consumidores. E mostra que o mercado da beleza no Brasil, antes tão padronizado, caminha cada vez mais rumo à pluralidade e ao afeto como ferramenta de branding.

O que é marketing de influência?

Trata-se de uma estratégia baseada em parcerias com pessoas que exercem influência sobre determinado público-alvo. Esses influenciadores podem ser celebridades, criadores de conteúdo digital, especialistas em nichos específicos ou até mesmo consumidores comuns com forte engajamento nas redes sociais. O diferencial dessa abordagem é justamente o poder da recomendação espontânea, da linguagem informal e da credibilidade construída com a audiência ao longo do tempo.

O marketing de influência ganhou força com o crescimento das redes sociais, especialmente a partir dos anos 2010, quando plataformas como YouTube e Instagram se tornaram palco para o surgimento de novas figuras públicas. Ao contrário dos modelos tradicionais de publicidade, que dependem de grandes investimentos e canais de massa, o marketing de influência se destaca pela capilaridade: permite que a marca alcance diversos nichos com mensagens personalizadas e mais próximas da realidade de cada grupo.

Existem diversos tipos de influenciadores: os macroinfluenciadores (com mais de 100 mil seguidores), os microinfluenciadores (entre 10 mil e 100 mil) e os nanoinfluenciadores (menos de 10 mil seguidores, mas com grande proximidade e taxa de engajamento com seu público). Cada grupo tem seus benefícios, e marcas mais estratégicas sabem que o valor está na relevância da conexão, não apenas no número de seguidores.

O que é Costumer Centric

Customer Centric (ou “centrado no cliente”, em português) é uma estratégia de negócios que coloca o cliente no centro de todas as decisões da empresa — desde o desenvolvimento de produtos até a comunicação, atendimento e pós-venda.Ser customer centric significa pensar e agir constantemente a partir da perspectiva do cliente: entender suas dores, desejos, comportamentos e expectativas para entregar experiências personalizadas e de alto valor.
Diferença entre “customer centric” e “empresa orientada a produto”

  • Empresa orientada a produto: foca no desenvolvimento e melhoria dos produtos, apostando que eles por si só atrairão clientes.
  • Empresa customer centric: foca no entendimento profundo do cliente para criar soluções que atendam a suas reais necessidades e gerem fidelização.

Características de uma empresa customer centric
– Pesquisa constante de satisfação e comportamento (ex: NPS, enquetes, entrevistas)
– Jornadas do cliente mapeadas (ex: funil de vendas e pós-venda centrados em experiência)
– Atendimento empático e proativo
– Cultura interna voltada ao cliente (todos os departamentos entendem seu papel na experiência do consumidor)
– Personalização de produtos, serviços e comunicações

Exemplos práticos:
Amazon: seu famoso lema “Start with the customer and work backwards” mostra como a empresa sempre parte das necessidades do cliente.
Nubank: construiu uma base de clientes fiéis com atendimento ágil, empático e humanizado, e ouvindo feedback para evoluir seus serviços.
Salon Line: como vimos no seu case, ela se destacou por ouvir mulheres cacheadas e crespas e cocriar produtos e conteúdo com elas.

Benefícios de ser customer centric:
– Aumento da retenção e fidelidade;
– Mais recomendações orgânicas (boca a boca);
– Melhor percepção de valor da marca;
– Crescimento mais sustentável no longo prazo.

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